Terça-feira 13/05

A casa das cinco mulheres

10 de março de 2017

Elas são guerreiras, lindas e determinadas. As cinco mulheres da família Christmann, de Lajeado Micuim, no interior de Horizontina, são como as sete mulheres da família de Bento Gonçalves romanceada no livro que depois virou minissérie global “A casa das sete mulheres” da escritora gaúcha Letícia Wierchowski, que conta as batalhas, conflitos e dificuldades que elas viveram durante a Revolução Farroupilha, quando os homens foram para a guerra e as mulheres assumiram o comando da casa, defendendo suas terras.

A avó Selita, a filha Roseli, a nora Leocádia e suas filhas Patrícia e Paola representam o empoderamento feminino, tão falado nos dias atuais e, originado da luta das mulheres pelos seus direitos desde março de 1857.

Em 2008, a casa onde moram ficou composta somente por elas e, com uma rotina de muito trabalho e união, enfrentaram as dificuldades e hoje dizem que a casa e sua história é de garra, força, coragem e muita vontade de fazer as coisas. A lida não é fácil. Elas dividem as tarefas da casa e das atividades que lhes dão sustento, cada uma assumindo suas funções para dar conta da criação de suínos, da produção de leite e ovos, dos peixes no açude e da lavoura. Um casal de funcionários lhes auxiliam nas principais atividades, mas são elas que tomam a frente de tudo. “Tivemos que tomar conta de tudo e aprender algumas coisas, foi difícil, mas as forças aparecem”, conta Leocádia. Ela diz que no início, sentiu um pouco o olhar estranho de algumas pessoas em alguns lugares e atividades em que normalmente são os homens a maioria, como em bancos e cooperativas. Mas, tem a certeza de que faz muito bem feito tudo o que precisa. “Nosso dia a dia é de múltiplas funções. Se fossem homens, eles não conseguiriam se virar. A gente pensa rápido, decide e logo faz tudo e bem feito”. A vó Selita complementa: “Às vezes, em atividades de peso e força, a mulher perde pro homem, mas o resto, a mulher faz bem mais e melhor. Mas Deus nunca nos deixou sozinhas. Muitas vezes foi difícil, mas sempre conseguimos”. A filha Patrícia, que se formou em Administração e assumiu a gestão dos negócios, afirma: “É interessante porque a mulher tem dons diferentes, é mais atenciosa, e consegue fazer várias coisas ao mesmo tempo”.

Para muito além do trabalho, a convivência entre elas também é harmoniosa, de muito amor, respeito e compreensão, e união é palavra de ordem, conforme conta Leocádia: “Nunca tivemos dificuldades em morar juntas. Sempre fomos muito unidas, pois uma precisa e completa a outra”. A filha mais nova, Paola, destaca: “A gente se vira em tudo. A mãe é mãe e pai ao mesmo tempo, cuida de tudo o que temos e sempre esteve presente em todas as nossas atividades. Falamos tudo uma para a outra e não conseguimos ficar chateadas com a outra por muito tempo”. Dona Selita também revela outro fator fundamental: “Nós sempre conversamos muito, o diálogo é muito importante”.

Com personalidades e características bem diferentes, a soma das virtudes, do jeito e das habilidades de cada uma forma esta família que se completa. Paola é determinada e bem humorada, e, junto com a tia Roseli, não deixa a peteca cair quando as coisas não estão bem. A tia, além de brincalhona, é “curta e certa”, como diz Dona Selita. “Ela é corajosa e é a que conserta as coisas quando estragam”, conta Paola. Leocádia é o ponto central. “Ela é a cabeça. Sabe de tudo das nossas vidas e do trabalho e soluciona todos os problemas”, destaca a caçula. A motorista da casa é Patrícia, que também é o braço direito na administração das atividades. Sensível e emotiva, ela está sempre pronta pra ajudar. Dona Selita é a mãezona. “A vó faz de tudo pra gente, coisa boa pra comer, café que só ela sabe fazer, e sempre tem a solução para algumas doenças indicando um tipo de chá” conta carinhosamente Paola.

Entre os sonhos, nada impossível de realizar para estas guerreiras: viajar todas juntas, como já fizeram em duas outras oportunidades e, conforme elas, “foi a melhor coisa que aconteceu”. Também desejam aumentar a produção de leite, aperfeiçoar a atividade com suínos e serem bem sucedidas, trabalhando bastante para depois folgar e quem sabe, ter mais tempo para fazer artesanato e curtir outros hobbies.

A casa das 5 mulheres é de força, união, coragem e fé. E elas não trocariam isso por nada. 

 

voltar
© Copyright Todos os direitos reservados.
error: IMPORTANTE: Não autorizamos a reprodução de conteúdo em outros sites, portais ou em mídia impressa, salvo sob autorização expressa.