Um bebê de 23 dias morreu enquanto esperava por uma vaga de UTI neonatal. O menino nasceu com um problema no coração e também foi diagnosticado com pneumonia. A família conseguiu uma ordem judicial para a transferência. Antes que ela fosse realizada, entretanto, o pequeno Pedro Henrique não resistiu e morreu na noite de sábado (11).
A família é de São José das Missões, cidade do Norte do Rio Grande do Sul que não tem hospital. O mais perto fica em Palmeira das Missões, a 65 quilômetros, na Região Noroeste. Os pais levaram o bebê para a instituição na quinta-feira (9), quando os médicos constataram a pneumonia e verificaram a necessidade de uma cirurgia cardíaca, o que demandaria uma vaga em UTI neonatal para recuperação e tratamento. No dia seguinte, a Justiça determinou que o estado disponibilizasse uma vaga para a criança, o que não ocorreu. O Hospital de Caridade de Palmeira das Missões informou que cadastrou o bebê na Central de Leitos do estado e também fez contato com vários hospitais, tanto na rede pública quanto na particular. A decisão assinada pelo juiz Ilton Bolkenhagen dava um prazo de 24h para que o estado ou o município transferisse a criança para uma UTI neonatal, sob pena de bloqueio de valores para custeio de leito particular e eventual cirurgia cardíaca. A Secretaria Estadual da Saúde disse que não foi avisada sobre a ordem da Justiça.
“Escutar de um médico, às 8h da manhã ele dizer que o bebê está regredindo e ter que esperar até o meio dia, até a tarde, e ver o teu bebê parando o coraçãozinho de bater até zerar e voltar até ir a óbito, isso aí é muito triste”, lamenta o avô da criança, o borracheiro José Nilson de Almeida Brisola.
O corpo de Pedro Henrique foi sepultado na tarde de domingo (12). No velório, o clima foi de dor e perplexidade. A família custava a acreditar no que havia acontecido.
“Foi passando um filme na cabeça. Primeiro, impus minha fé, coloquei nas mãos de Deus, que Deus fizesse pelo melhor, que ele agisse para que o bebê não viesse a sofrer, mas nosso sentimento fica de espelho para outros pais que estão passando pela mesma situação. Que Deus proteja que não aconteça, mas com essa deficiência de leito no estado é complicado”, desabafa o pai do bebê, o professor de música Elias Roberto de Almeida.
Fonte: G1
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