Por amor. Assim Leide Patrícia Teixeira, presidente da Associação Amamos Bichos, de Horizontina, define o trabalho do grupo voluntário que se dedica a conscientizar a população sobre cuidados e responsabilidades com animais de estimação e encontrar novos lares para aqueles que foram abandonados ou sofrem maus tratos. O grupo – uma ONG ainda não oficializada – iniciou suas atividades há um ano e meio por iniciativa de Miliana Weide e Marlei Kohl, que recolhiam cães na rua, levavam ao veterinário e acolhiam em suas casas, bem como fazem hoje também as outras cinco voluntárias.
Além do sentimento, da doação de tempo e carinho aos bichos, as voluntárias também acabam se responsabilizando por custear algumas despesas, que não são cobertas pela arrecadação da associação através de rifas, venda de camisetas e doações da comunidade. “Todos os bichos que recolhemos são castrados e uma castração custa em média R$ 80,00. Nós contamos com a colaboração de veterinárias de Horizontina e Três de Maio, que nos fazem valores mais baixos, mas ainda tem as despesas com vacinas e ração, por exemplo, sem contar nas medicações ou quando os animais estão feridos e precisam de cuidados especiais”, conta Patrícia que tem 8 cães além de outros 12 que são da associação e atualmente estão em sua cada aguardando novos donos. “Mas há alguns dias, tinha 30 na minha casa”, conta.
A Associação Amamos Bichos também já realizou duas feiras de adoção, sendo que na última havia 35 animais e 26 foram adotados. Patrícia explica como ocorre: “Todos os cães e gatos para adoção são vacinados e castrados. Nós sempre explicamos sobre as necessidades dos bichos, falamos que a pessoa deve ter consciência de que precisa de tempo, espaço, condições financeiras, além de bons sentimentos, para oferecer uma vida saudável e feliz para seu bichinho. E no momento da adoção, fazemos um termo de compromisso. Depois visitamos as famílias para verificar se o animal está sendo bem tratado, caso contrário, recolhemos de volta”.
A voluntária Silvia Natieli Grizza, que tem 4 cães, sendo 2 deles adotados, diz que normalmente as pessoas que adotam não tem alto poder aquisitivo mas dão todo amor e atenção necessários e tornam o cão ou gato como parte da família.
No entanto, apesar de toda dedicação, o grupo revela que há muitos casos de maus tratos, abandono e morte de animais em Horizontina. São diversas denúncias por dia, além de elas próprias encontrarem animas com feridas, marcas de coleira, bicho de pé, queimadura, entre outros. Patrícia diz que em Esquina Eldorado, perto do aeroporto, é um dos locais de abandono e no bairro Alvorada, há muitos casos de cães mortos por envenenamento, inclusive por estricnina, cuja venda é proibida. A cada episódio, Silvia conta que aumenta o sentimento de revolta e indignação pela crueldade, falta de sentimento e de responsabilidade das pessoas. “Mas a gente tem esperança e sempre dá certo. Tem alguém lá em cima olhando por nós que nos ajuda e vai fazer justiça de acordo com o que cada um merece”. Além disso, há outro fator apontado como desafio. As voluntárias dizem que a sociedade não entende o trabalho da associação. “Nosso objetivo principal não é recolher animais, é conscientizar as pessoas para que não precisemos recolher. Quem tem bicho, tem responsabilidade sobre ele e não pode simplesmente jogar fora ou maltratar, até porque isso é crime previsto em lei, com multa e até prisão. Se você não tem condições de ter um cão, não tenha. Muitos nos criticam, mas nós não fizemos nada para agradar, fizemos porque gostamos. Ninguém é obrigado a ajudar, nem amar como amamos, mas devem respeitar. Nosso serviço é ajudar a sociedade, pois isso é também uma questão de saúde pública. Quem não entende pelo amor, que seja pelo lado prático da coisa”, desabafa a presidente da associação.
Mas, como diz Patrícia, o bem sempre prevalece e há várias famílias que adotam e dão vida nova aos bichinhos, como a da Roseli Ledermann, de Três de Maio. Ela, o marido e os dois filhos (de 2 e 5 anos) aumentaram a família com a Tuffy, cuja foto estava em uma rede social para ser adotada. “Logo que chegamos em casa com a Tuffy, ela já começou a brincar com as crianças, tudo ocorreu às mil maravilhas. Sem contar que não tivemos os problemas de cachorro novinho que chora muito à noite. E, há poucos dias, chegou o Scooby, também adotado. Agora todos nós brincamos juntos e é maravilhoso”, conta Roseli. Ela elogia o trabalho da Amamos Bichos e a dedicação das voluntárias que se preocupam em achar donos que realmente vão cuidar dos bichos com o carinho que merecem e destaca: “Quando as pessoas pensam em adotar um comprar um bichinho, devem ter consciência de que isso dá trabalho, exige muita atenção, carinho, manutenção, mas que ao mesmo tempo, nos proporcionam momentos muito bons. Eles são nossos bebês”.
Entre recolhimentos, adoções, denúncias e trabalho de conscientização, a Amamos Bichos honra seu nome fazendo o melhor possível para aqueles que consideram seus filhos de 4 patas.
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