Quando você fica impaciente, você come o que aparece na frente? Se sim, você pode sofrer de fome psicológica, ou seja, comer por ansiedade. Ou seria ansiedade por comer? O NH conversou com a nutricionista Juliana Pedó que explica por que muita gente se socorre na comida em situações de ansiedade, quais as causas e as consequências deste transtorno.
Problemas no trabalho, com a família, tristeza, e outros fatores emocionais são alguns dos motivos que podem levar à ansiedade, que por sua vez será descontada na comida, fazendo o indivíduo comer por ansiedade. “Esta ação exerce alívio de curtíssimo prazo na sensação desagradável, que logo após volta reforçada pela culpa, levando a pessoa a comer de novo para aliviar a tensão e assim sucessivamente. Os mais leves sinais de ansiedade, mesmo antes de serem percebidos pela consciência, são amortecidos pela comida”, explica a nutricionista. E por que isso acontece? “Porque geralmente as pessoas em situações de ansiedade ingerem carboidratos e açúcar, que aumentam o nível da glicose e do hormônio insulina, permitindo a entrada do triptofano – aminoácido essencial que não é produzido pelo nosso organismo – no cérebro, causando a sensação de bem estar. Embora muitos tenham compulsão por doces e pães, existem pessoas que perdem o controle diante de alimentos salgados. Porém, essa satisfação dura pouco tempo, deixando o indivíduo ansioso para comer novamente”. Assim, comer bastante se torna um mecanismo de escape: sempre que a pessoa fica ansiosa, sente fome, e a ideia de comer quando está estressado vai se condicionando, e aí que entra a ansiedade por comer.
Existem alimentos que podem, inclusive, contribuir para o estado ansioso, que são normalmente os escolhidos, mas que devem ser evitados. Conforme a nutricionista, os alimentos ricos em gordura, os industrializados, frituras e carboidratos simples, proveniente do arroz branco, do macarrão e do pão branco pioram a ansiedade. Da mesma forma, as bebidas alcoólicas e alimentos com alta concentração de cafeína, como café, chá preto, refrigerante e energético são estimulantes e induzem o sistema nervoso a uma maior liberação de adrenalina, hormônio liberado em momentos de estresse. “Isso impede o relaxamento do corpo, acarretando em ansiedade. Os alimentos ricos em gordura agem de modo semelhante ao açúcar, podendo causar danos no organismo e resultando em mau humor, devido ao aumento do cortisol.
Juliana afirma que uma das consequências da ansiedade não controlada é o aumento expressivo do peso e a incapacidade de reversão do quadro. “Quando a pessoa nota que as roupas não cabem mais, a próxima etapa é a tentativa de realizar diversas dietas e entrar em uma luta constante com a balança, porém essa tarefa se torna árdua uma vez que o corpo carrega os quilinhos a mais. A pessoa perde a confiança e, mesmo tentando emagrecer, não vê resultado. Por conta disso, a frustração aparece e aumenta ainda mais a ansiedade da pessoa, levando-a a comer novamente, além de atrapalhar a vida social da pessoa que sofre com esse distúrbio”.
Manter uma alimentação correta e balanceada aliada à uma rotina de exercícios físicos é a melhor forma de diminuir a ansiedade. “Consumir alimentos ricos em flavonóides, magnésio e vitaminas B e C ameniza a ansiedade, pois colaboram na produção de serotonina que é a substância química relacionada ao humor.” Recomenda-se nestes casos, comer bananas, nozes, castanhas, cereais, amendoim, folhas verde-escuras, peixes, carnes magras, ovos e até o chocolate amargo com mais de 70% cacau. Desta forma, a melhor maneira de não sofrer de fome psicológica é adotar um estilo de vida com menos estresse, que é a condição que traz a ansiedade. Especialistas garantem que ser uma pessoa relaxada tem muito a ver com a maneira com a qual encaramos os problemas cotidianos e isso é algo para tratar aos poucos, começando por perceber que podemos encarar de forma mais amena algumas situações.
Quando a dobradinha alimentação saudável – exercícios – não for suficiente, as pessoas podem recorrer, por exemplo, à hipnose, relaxamento, respiração, autoconhecimento e terapia. “Porém, dependendo do nível em que a pessoa se encontra, após fazer o diagnóstico nutricional, que inclui a identificação e determinação do estado nutricional do paciente, elaborado com base em dados clínicos, bioquímicos, antropométricos e dietéticos, podemos sugerir e orientar para que o paciente busque o auxílio de médicos ou psicólogos para obter um melhor resultado no tratamento, explica Juliana.
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