Sábado 17/05

Dar mesada para os filhos: educação financeira para toda família

11 de maio de 2017

Você costuma dar mesada para seu filho? Se sim, você pode estar contribuindo para a educação financeira dele. Especialistas dizem que ao administrar a quantia que ganha, seu filho aprende a ter mais responsabilidade, a valorizar o dinheiro, a poupar e a ter controle sobre alguns impulsos de consumo. Mas, isso só acontece se os pais conversarem sobre isso e darem exemplo. O NH conversou com o Consultor em Gestão Empresarial e Fianças Pessoais Ivan Gollin para dar uma ajudinha aos pais e filhos sobre a melhor forma, benefícios e cuidados ao dar e receber mesada.

Ivan é Administrador, MBA em Gestão Empresarial, Especialista em Gestão de Recursos Humanos, ministra diversos cursos e palestras, além de prestar consultoria para pessoas e empresas sobre gestão e finanças, inclusive Educação Financeira. Leia a entrevista:

NH: É importante dar mesada aos filhos? Por quê?

Ivan: Sim, porém tão importante quanto dar mesada para os filhos, é oportuno e necessário que possamos ensiná-los a lidar com o dinheiro, ou seja, dar uma educação financeira para o seu presente e para o seu futuro. Quanto antes os filhos começarem a entender deste tema, melhores cidadãos serão, pois isto faz parte do cotidiano e tem que ser bem entendido e gerenciado.

NH: Com qual idade eles já podem receber a mesada?

Ivan: A partir do primeiro dia de vida eles já podem receber sua mesada. É uma grande oportunidade para abrir uma poupança e sinalizar mensalmente com um valor que já fará parte da sua cultura de poupar/economizar. Na prática não há uma idade referencial para começar a dar a mesada, porém o mais importante é a metodologia aplicada nesta ação.

NH: Deve haver diferença de valores nas diferentes idades das crianças e adolescentes?

Ivan: É notório que ao passar dos anos, o desejo dos filhos é receber uma mesada de maior valor, pois já terão mais necessidades de gastos ou investimentos. Então, para não deixar sem critérios de reajustes, poderá ser estabelecido um valor crescente baseado em algum indicador, seja em indicadores econômicos ou inflação, seja em um percentual do salário dos pais. Desta forma os filhos também irão desenvolver a capacidade de planejamento de seus gastos e investimentos, considerando um valor limitado de dinheiro. Valores extras para investimentos esporádicos poderão ser disponibilizados, porém mediante uma análise criteriosa e realizada com tempo pelos pais. Nada de imediatismos e urgências para qualquer demanda! Essas ansiedades terão que ser quebradas já nos primeiros momentos de pressão dos filhos.

NH: Qual a periodicidade ideal para a mesada?

Ivan: A mesada poderá estar distribuída no período desejado, porém uma primeira sugestão seria no espaço mensal, já que há uma cultura predominante de recebimentos desta forma. Se for um período maior, perde-se um pouco o estímulo. Se for menor, o valor também pode não ser tão atraente assim, já que terá que ser dividido de 2 a 4 vezes ao mês.

NH: O que fazer com o dinheiro da mesada é decisão da criança, ou os pais devem orientar? Quais as dicas neste caso?

Ivan: Os pais têm o DEVER de orientar e, porque não dizer, EDUCAR seus filhos em suas finanças pessoais. Entretanto, grande parte da geração dos pais de hoje, não obtiveram este tema em casa e nem em bancos escolares, o qual chamamos de “educação financeira”. Isso é muito preocupante, pois a nossa cultura de comportamento consumista leva as pessoas a comprarem e consumirem sem muito critério e, na maioria das vezes, sem a real necessidade imediata, muito menos, a fazerem uma análise das melhores condições de pagamento.

Uma grande dica para os pais é orientar seus filhos a pouparem parte de sua mesada, pois é sabido que, com dinheiro à vista, há sempre uma melhor negociação. Por isso, um dos primeiros comentários desta entrevista, foi no sentido de, já nos primeiros dias de vida, abrir uma poupança em um banco para que, quando a criança começar a entender de dinheiro, já vai ter uma cultura de ver seu saldo guardado e crescendo mensalmente.

NH: Qual a melhor forma de começar e explicar para uma criança a importância da boa utilização mesada?

Ivan: A melhor forma de educar uma criança, adolescente ou mesmo jovem, é inserindo ele nas negociações reais que os pais realizam no cotidiano. Agora vejam, que antes de ensinar os filhos a cuidarem bem das finanças pessoais, os pais devem ser os primeiros a darem bons exemplos. Para tanto, procurar comprar com consciência, economicidade, racionalidade, seja em um supermercado, loja de móveis, eletrodomésticos, loja de roupas e outros fornecedores, além de estabelecer uma cultura de reservas, é fundamental neste processo de ensino-aprendizagem entre pais e filhos.

NH: A mesada deve ser dada “em troca” de algumas atividades, como: estudar, arrumar a cama, guardar as roupas….?

Ivan: A mesada não deverá substituir a educação comportamental e colaborativa. São coisas distintas e muitas vezes se utiliza isso para atalhar o caminho, porém no futuro poderá haver dois grandes problemas: a falta de educação financeira e a falta de educação comportamental. Não devemos comprar comportamento com dinheiro, mas tratar com exemplos e utilizando o convencimento natural, caso contrário poderemos chegar a um ponto de todas as tarefas terão que ser “compradas”.  A criança tem que sentir que ela pode também contribuir com a organização da casa gerando economia familiar e também que sua dedicação para os estudos será em seu próprio benefício num futuro muito próximo.

NH: Quais os benefícios e quais os cuidados que a família deve ter ao dar mesada?

Ivan: O grande benefício de dar mesada aos filhos deverá ser sua própria educação financeira, a qual deverá ser orientada no dia-a-dia, de acordo com a capacidade de cada idade. Interessante que esta educação financeira se dá, parte em diálogo e parte em pelos próprios exemplos dos pais, os quais aparecem em nossos costumes, em nossas rotinas, em nossas negociações e nos cuidados que temos com os nossos bens adquiridos.

É de suma importância deixar um diálogo “permanente” aberto com os filhos para que todas as compras sejam combinadas antes de serem executadas, sejam pequenas ou grandes, até mesmo um lanche no colégio. Isso, ao contrário de tirar a liberdade de seu filho, dará mais segurança para ambos na boa aplicação dos valores em posse.

Também quero reforçar novamente que uma das grandes contribuições que os pais podem dar a seus filhos é orientá-los para pouparem parte de sua mesada e depositarem em bancos, seja poupança ou outra aplicação financeira, pois estarão constituindo, desde já, uma reserva de valores, a qual, oportunamente, poderá ser utilizada para boas negociações. Para se ter uma ideia, um valor de R$ 20,00 depositados em banco, a cada mês, em uma economia de 18 anos, resulta o montante de R$ 10.034,18; considerando uma taxa de 0,7% ao mês. Ou seja, com uma única mesada desse valor, pouca coisa se compra, agora quando acumulamos e estabelecemos uma meta em um período a médio ou a longo prazo, já podemos nos convencer de uma forma mais fácil, não é mesmo?

Deixo uma última mensagem, que utilizo nas capacitações de Educação Financeira Pessoal, que “o hábito de controlar as finanças é mais importante do que a quantidade de dinheiro que você tem”, porque isso remete a uma cultura que demonstra a capacidade de cuidar bem dos seus recursos conquistados.

 

 

 

 

 

 

 

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