Por Danusa Widz
Horizontina recebeu, na última sexta-feira, o cantor nativista João de Almeida Neto para um show ímpar no Galpão Biriva. Natural de Uruguaiana, ele é um artista com talento para a música e para a poesia, que usa sua voz e seu dom de se expressar para cantar, compor e encantar o Rio Grande e o mundo afora.
A voz grave e as canções apresentadas, juntamente com Samuca do Acordeon, convidaram o público a refletir com suas letras como em “As razões do boca braba” e “Definição do Grito” (Gildo de Freitas), a se emocionar, como em “Florêncio Guerra e seu Cavalo” e a se divertir com “O coração do gaúcho”, composta em homenagem ao amigo Gaúcho da Fronteira quando este passou por problemas cardíacos. Sobre este estilo, João de Almeida Neto falou antes do show, em entrevista exclusiva ao NH: “Eu tenho um conceito de que o músico tem a função de trazer divertimento e entretenimento, mas eu considero que a função principal é de trazer mensagem. A gente tem que se dividir entre fazer música para a cintura e para cabeça. Então, por isso que às vezes, mesmo não sendo intelectual eu escrevo e mesmo não sendo poeta, falo letra. Eu sinto necessidade de me expressar e isso faz bem para mim e para quem me ouve”, destacou.
O gosto pela poesia vem de família e foi cultuado desde sua adolescência na época em que fazia serenatas com seus amigos: “Na década de 70, Uruguaiana era pacata e eu tinha um grupo de amigos da escola que se reunia às dez da noite pela cidade para dar serenatas na casa de colegas, os pais abriam as janelas, apreciavam nossa música, nos davam lanche… Era muito sadio, eu gostava muito, e isso teve muita influência na minha maneira de me portar como músico”.
Para além da música, João é advogado e comentarista esportivo na Rádio Gaúcha, no programa Sala de Redação. Ele conta que a experiência no programa tem sido muito positiva: “A minha ida pro Sala de Redação tem sido muito gratificante, pois estou convivendo com jornalistas renomados em uma emissora que é referência na radiofonia mundial”, e destaca: “Eu gosto muito de futebol, acho que o esporte tem, de maneira geral, uma finalidade construtiva na vida da pessoa, assim como a arte. Ele é capaz de terminar com a vagabundagem na vida do jovem, porque quem se dedica ao esporte tem uma vida sadia e com bons valores”. Gremista de coração, ele participa do programa juntamente com o ator colorado Zé Vitor Castiel. E, como diz em uma de suas músicas mais conhecidas “eu tenho opinião formada, é melhor ser boca braba do que não ter boca pra nada”, ele também falou sobre o cenário brasileiro em relação à política: “Eu sempre me posicionei muito do ponto de vista ideológico e político, mas nunca fui partidário. Sempre me interessei pela política brasileira e o que acontece hoje na vida pública do país não é novidade. Sem-vergonha, ladrão, safado e corrupto sempre existiram. O que nós, cidadãos de bem, temos que fazer, é ficarmos alertas e exercer uma atividade de fiscalização contra isso, para que pelo menos quem nos roubou uma vez não nos roube a segunda”.
João de Almeida Neto leva de Horizontina os aplausos e a admiração do público que o prestigiou no espaço que homenageia Rui Biriva, um de seus amigos artistas. O cantor conta que foram poucas as oportunidades em que estiveram juntos no palco, mas que se encontraram diversas vezes para celebrar a amizade. “O Rui era muito alegre e sempre que a gente se encontrava era uma festa”.
O Galpão Biriva mais uma vez saudou e reverenciou a cultura gaúcha, oportunizando aos apreciadores da boa música um show excepcional.
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