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Leishmaniose já matou 3 pessoas no estado

9 de junho de 2017

Doença que acomete humanos e cães

Casos recentes de leishmaniose em diversos estados estão preocupando a população em geral, seja pelo risco aos humanos e também aos cachorros. A leishmaniose é uma doença infectocontagiosa causada por um protozoário, que é transmitido pela picada de um mosquito infectado. Além da gravidade da doença, há grandes riscos de morte, poucas formas de tratamento e no caso de cães, a polêmica maior é a determinação da eutanásia dos animais infectados. Saiba mais:

A leishmaniose não é contagiosa, ou seja, não passa de uma pessoa para a outra. O vetor da doença é o mosquito-palha, e somente as fêmeas são capazes de transmitir a doença. Ele pica um animal contaminado e ao picar outro animal ou ser humano passa a leishmaniose. “Desta forma, o homem só pode ser infectado, se também for picado por um mosquito contaminado e por isso o cão não oferece risco para outros animais e nem mesmo para ser humano. O cachorro é um hospedeiro da doença e quem transmite é o mosquito”, explica o veterinário Álvaro Callegaro. Ele diz que normalmente estes mosquitos estão em lugares úmidos e sujos, com restos de orgânicos ou ainda, de fezes de animais, aparecendo no entardecer e à noite. Álvaro diz que não é possível precisar onde esse mosquito deposita suas larvas, o que torna mais difícil seu combate, sendo uma das melhores formas o uso de telas de proteção e uso de inseticidas, principalmente para quem mora em locais com solo úmido, onde há forte presença de mato e árvores, bem como evitar deixar lixo em áreas externas. “Quem tiver cachorro, pode evitar a doença também mantendo o animal fechado durante a noite, que é quando o mosquito aparece”, diz o veterinário.

Entre os principais sintomas, Callegaro diz que estão o pelo arrepiado, cansaço, gânglios inchados, perda de pelo e crescimento exagerado das unhas. Nos humanos, os sintomas são perda de força e de apetite, emagrecimento, febre e dores abdominais. A leishmaniose cutânea caracteriza-se por feridas na pele que se localizam com maior freqüência nas partes descobertas do corpo. Já a leishmaniose visceral é uma doença sistêmica, pois, acomete vários órgãos internos, principalmente o fígado, o baço tanto nos humanos quanto nos cães. “É uma doença que pode durar apenas um mês ou até dois anos. Além disso, há casos em que, se o cachorro estiver com boa imunidade, a doença nem se manifesta. Ou seja, ele tem o parasita em seu corpo, mas não desenvolve a doença”.

Nos humanos, se a doença for tratada de forma precoce, tem grande potencial de cura, caso contrário, o índice de morte chega a 95%. Por outro lado, nos animais não há tratamento com 100% de eficácia comprovada, explica Álvaro, e por isso a determinação do Ministério da Saúde e do Ministério da Agricultura é que seja feita a eutanásia nos cães. “Já existe uma vacina no mercado e também coleiras repelentes para prevenção, mas a cura para a doença ainda não existe”.

E por este motivo, o assunto gerou polêmica em Porto Alegre, que registrou 3 casos de morte por leishmaniose neste mês. Os defensores dos animais de estimação alegam que a eutanásia não pode ser uma possibilidade para os cães, pois são considerados membros da família. O Secretário de Saúde da cidade disse que a secretaria não pode assumir a responsabilidade pelos cães infectados e que o tratamento contra a doença nos animais infectados não é suficiente para conter o avanço da doença. Mesmo assim, a prefeitura suspendeu as mortes e após reunião para tratar do assunto, foram definidas algumas medidas de controle a serem adotadas para evitar o sacrifício dos animais. Além da capital, a cidade de Ibatiba, no Espírito Santo, registrou neste ano 21 casos de leishmaniose e o município decretou, no início de maio,  situação de emergência por causa da doença. No Paraná, um bebê de 8 meses morreu no mesmo período diagnosticado com leishmaniose visceral.

A leishmaniose é classificada entre as seis endemias prioritárias no mundo segundo o Ministério da Saúde. Os números da doença revelam o impacto dela no Brasil: 90% dos casos da leishmaniose visceral canina na América Latina acontecem no país e, entre o ano de 2009 e 2013, 18 mil casos foram confirmados em humanos. Em 2015, último levantamento do Ministério da Saúde, 3.000 pessoas foram acometidas pela doença e 271 mortes foram registradas.

 

 

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