Após ficar dois anos em um quarto por conta de uma doença rara, um menino de Santo Ângelo, na Região das Missões do Rio Grande do Sul, finalmente conseguiu sair do hospital e conhecer o mundo. O passeio, que durou pouco tempo, só foi possível graças a uma mobilização da comunidade nas redes sociais.
O pequeno Yuri, de dois anos, sofre de atrofia muscular espinhal, uma doença rara e muito grave. Desde que nasceu, ele nunca pôde caminhar fora do quarto do Hospital de Santo Ângelo, nem para dar uma voltinha no corredor. A situação traz dor e sofrimento para a família.
“O meu sentimento de mãe logo ir para a casa com ele, porque aqui ele não tem uma vida. Aqui eu não tenho vida, nossa família não tem vida mais”, disse Luciane Eich, mãe de Yuri, em agosto de 2014.
Quando nasceu, Yuri pesava 3,2 quilos e tudo parecia normal. Mas com o passar o tempo, os pais do menino viram que ele não se desenvolvia como as crianças da mesma idade. Não crescia e nem ganhava peso.
Através de exames, os pais descobriram que Yuri tinha atrofia muscular espinhal. É uma doença degenerativa, que vai piorando com o tempo e que afetou também a respiração da criança. Para sobreviver, ele precisa ficar o tempo todo ligado a aparelhos. Não é possível, por exemplo, sair sem a estrutura.
A mãe vive com o Yuri, no quarto do hospital. O pai, que trabalha em Cerro Largo, percorre 60 quilômetros para ver a esposa e o filhinho ao menos duas vezes por semana.
Por dois anos, a família viveu assim. Mas uma mobilização de amigos nas redes sociais tenta mudar essa história. Em quatro meses, a campanha “Queremos levar o Yuri para casa” arrecadou dinheiro para comprar aparelhos portáteis e uma cadeira que permitiu um momento especial.
Pela primeira vez, pai, mãe e filho saíram do quarto de hospital juntos. “Isso é uma vitória, uma melhoria de vida para o Yuri”, comemorou Luciane. “É uma sensação de liberdade de novo, de poder sair levar meu filho junto, como a gente tem aquele sonho de ter um filho, levar na praça, fazer as coisas normais”, completou.
O passeio de Yuri pela cidade chamou atenção e as pessoas aproveitaram pra conhecer o garoto pessoalmente. Só que a luta dessa família ainda não terminou. Agora, Luciane e o marido, Ricardo Schons, aguardam uma decisão judicial para poder levar o menino definitivamente para casa.
Em fevereiro do ano passado, os pais entraram com o pedido de “home care”, um tratamento domiciliar, mas a Justiça de Cerro Largo negou. A família recorreu e o caso agora está há um mês no Tribunal de Justiça (TJ-RS). O caso corre em segredo de Justiça e a previsão é que entre na pauta de julgamento no dia 20 deste mês.
Fonte: G1
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