Um dos fenômenos mais curiosos que pode ser observado nos últimos anos é, na verdade, uma contradição. Por um lado, nunca tivemos tanto acesso a informação quanto antes: no passado, a informação era controlada por uma grande mídia, hegemônica na sua transmissão que conseguia direcionar a mensagem ao seu bel prazer; hoje, a informação está nas nossas mãos, as fontes são inúmeras, o conhecimento está ao alcance, literalmente, de um dedo. Por outro lado, estamos vendo uma crescente ignorância no tratamento da informação que é muito preocupante.
Pessoas despreparadas ganham um microfone muito mais potente do que a própria voz, e se acham mais importantes do que a própria notícia. Esse é um erro básico na comunicação: acima de tudo, estão os fatos e, abaixo deles, aí sim, nossa opinião e nossa percepção destes fatos. Porque para construirmos credibilidade, é preciso ganhar a confiança do público, dos leitores, e esta confiança só vem quando eles percebem que somos transparentes naquilo que falamos.
Quando isso não acontece, não somente o mensageiro é desacreditado, quanto também a sua informação perde credibilidade. Ela pode até ser verdadeira, mas como a visão do público já está enviesada para não acreditar naquela fonte, ele ouve sempre com um pé atrás. Não que toda informação, mesmo de alguém com credibilidade, deva ser consumida como se fosse uma verdade absoluta, pois cada um deve desenvolver seu senso crítico e sua própria visão sobre os fatos. Mas uma informação que já chega cambaleante tem muito menos probabilidade de deixar sua marca.
É essa credibilidade que se constrói através do tempo, com trabalho, dedicação e, acima de tudo, honestidade com quem nos ouve, lê ou assiste. Porque quando você faz isso, está nos aceitando em sua casa, ou no seu trabalho, nós é que pedimos licença para chegar até onde você está, e o mínimo que devemos fazer é respeitar a sua inteligência.
A mensagem é, sempre foi, e sempre será, mais importante do que o mensageiro.
A gente se pecha por aí.
voltar