Quinta-feira 15/05

O que fazer?

3 de abril de 2020

Henrique da Silva

Situações atípicas são aquelas que fogem totalmente ao nosso controle. Podemos estar preparados para resolver diversos problemas em nossas vidas, sermos conscientes (enquanto sociedade) do papel que ocupamos nas nossas comunidades, e até termos nossas posições espirituais, ideológicas e religiosas. Mas, quando algo atípico acontece, toda essa lógica desaparece e precisamos encontrar outras formas de pensarmos e resolvermos os problemas. A pandemia do novo coronavírus é assim, está nos desafiando a tomar difíceis decisões.

Enquanto cidades paralisam completamente sua economia para proteger as pessoas, outras tantas são extremamente prejudicadas, por dependerem de outras pessoas para realizarem suas atividades. Ambulantes, motoristas de aplicativos, vendedores de rua, entre tantos outros, viram suas fontes de renda secarem em questão de semanas. Enquanto isso, as contas continuam chegando, os membros das famílias podem estar com fome, e as perspectivas futuras não são muito favoráveis.

Diante de todo este cenário, a gente faz a pergunta: existe um lado que está certo? Qual caminho devemos, realmente, seguir? As respostas das pessoas são divergentes, pois cada uma observa a questão de seu ponto de vista. Para quem tem possibilidade de seguir trabalhando em casa de forma remota, o isolamento é o caminho certo a se seguir. Já para quem depende da rua para ganhar o seu sustento, esta opção é praticamente igual a deixar essas pessoas morrerem aos poucos.

Morrer pela doença ou morrer de fome. Esta é a dúvida que muita gente precisa fazer nos dias de hoje. É melhor ir para a rua, correndo o risco de me contaminar e contaminar a minha família, ou não ir para rua e ver toda a minha família sem ter o básico pra se viver? Como falei, é um caso tão atípico que não temos uma saída positiva, e alguém certamente terá que pagar um preço muito caro. Alguns mais, outros menos, como sempre, mas todos viram um pedaço de suas convicções se esvaindo nos últimos dias.

Estamos enfrentando uma das decisões mais difíceis das últimas décadas. Um problema mundial que deixará aprendizados, claro, mas que estampará para sempre suas marcas em quem teve que atravessar toda esta tempestade. Como sociedade, precisamos, mais do que nunca, perceber como tudo o que passamos precisa ser enfrentado (e decidido) de forma coletiva, sem individualidades. Em meio a tanto egoísmo e individualismo nos vemos pensando no coletivo. Ironia ou destino. Mas, mesmo assim, ainda resta a pergunta: o que fazer?

A gente se pecha por aí.

 

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