Sexta-feira 19/04

Os militares x a esquerda

12 de junho de 2020

Henrique da Silva

Conforme o velho ditado recorrente entre os militares, o qual inspira diversas ações, “são as aproximações sucessivas que determinam as ações a serem tomadas”. Partindo deste pensamento, o que vem se apresentando é uma possível confusão entre os papéis dos poderes, que mesmo distintos em sua finalidade, vem encaminhando o Executivo através de suas ações vistas como indevidas por alguns, a recorrer ao artigo 142, onde as forças militares são chamadas a zelar pela manutenção e garantia das leis e da ordem, não permitindo a interferência entre os poderes.

A esquerda vem alardeando a iminência deste momento, julgando negativa a possível atitude do presidente e conduzindo a opinião pública na direção contrária a esta decisão de governo, a qual recorreria ao chamado “golpe”, reprimido e odiado desde os tempos de 1964.

Neste momento em que os partidos de esquerda amargam o fracasso de seus pouco mais de 14 anos no poder, carregando sob seus ombros a herança de corrupção que se alastrou em todos os segmentos, é que mora a grande artimanha do modelo político brasileiro. A velha bandeira de guerra, de partido defensor dos pobres e da classe trabalhadora, perdeu sua força em meio à crise de identidade e desmandos, viu o amor incondicional de muitos de seus admiradores transformar-se em ódio de uma hora para outra e não pode mais ser empunhada com o mesmo vigor.

A retomada do poder pelos militares, através da força, surge como a oportunidade que a esquerda precisava para trazer de volta um dos seus maiores símbolos de luta, ressuscitando seus ideais enfraquecidos frente aos acontecimentos. Posicionamentos questionáveis de autoridades acerca de atitudes tomadas pelo judiciário e entendidos como absurdos pelos governistas, não apenas agradam a esquerda como acabam servindo aos seus anseios, por também inflamarem reações no sentido de manutenção da ordem pela força por parte do executivo.

Estas reações dão sobrevida ao modelo esquerdista, que tem com quem lutar, sendo essa sua principal preocupação, tomar o poder acima de tudo, deixando o povo e suas opiniões no final de sua lista de prioridades. Essas rivalidades são vitais para a continuidade do modelo político vigente, movido pelos embates que embaralham os lados. Sem uma atitude extrema do governo, a oposição não tem muito do que falar, logo, provocar tais reações acaba sendo a única saída do buraco onde estão afundados.

Os militares podem, sim, tomar o poder, mas não por uma escolha unilateral do presidente, e sim por consequência das atitudes e desejos de ambos os lados. Do lado governista, servindo para garantir a lei e a ordem; do lado da esquerda, para oxigenação de seus adeptos e representantes por mais 30 anos de bandeira na mão como pseudo defensores da pátria e da “democracia”, vítimas do sistema. Fincarão a bandeira nos quatro cantos arguindo serem injustiçados pelo golpe militar, mais uma vez.

A gente se pecha por aí.

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