O deputado estadual Mário Jardel (PSD), investigado por cometer supostas irregularidades durante o mandato na Assembleia Legislativa, afirmou nesta quarta-feira (2) que as denúncias contra ele foram “premeditadas” pediu que os eleitores o deixem trabalhar. Jardel negou ser corrupto e disse estar “muito triste” com a situação.
“Só estou tentando desde o início do ano trabalhar. Sou um homem forte, um homem de Deus, todos sabem do meu caráter. Isso que aconteceu as pessoas já previam, foi premeditado. Não posso sair na rua, as pessoas falando que sou corrupto, e eu não sou assim. Sou honesto e vou provar isso no meu mandato”, afirmou o ex-jogador do Grêmio em entrevista à Rádio Guaíba.
Jardel não quis entrar em detalhes sobre as acusações, mas disse que está sendo impedido de levar adiante seu mandato político.
“Quer que eu me sinta como? Minha mãe chorando, minha esposa chorando, meu irmão traumatizado, meus filhos me ligando de Portugal. É difícil trabalhar. Eu só quero trabalhar. Há um ano que eu venho querendo tentar e as pessoas não vem deixando. Quero dizer para os meus eleitores para não deixarem de acreditar, para me deixarem trabalhar. Estão tentando me tirar, tirar o meu mandato desde o início do ano, mas não vão conseguir”, sustentou.
O advogado de Jardel, Amadeu Weinmann, negou que o deputado irá renunciar. “Chance zero. Não se fala em renúncia, pelo contrário, ele não vai, apesar de quererem tirar, ele vai lutar pelo mandato até o fim”, garantiu o advogado, que acrescentou que o cliente vinha sendo ameaçado.
“Ele vem sofrendo desde que assumiu, recebeu ameaças que não lhe davam direito de escolher seus assessores”, alegou. “Estou sabendo coisas que poderão ser provadas. Nós vamos ver que há pessoas que pensam que são donos dos outros”, explicou.
Também nesta quarta-feira (2), o procurador-geral da Assembleia Legislativa Fernando Ferreira protocolou junto ao Tribunal de Justiça um pedido de reconsideração da decisão que afastou o deputado estadual Mário Jardel (PSD) por 180 dias. Com a solicitação, Ferreira espera que o desembargador Newton Brasil de Leão reconsidere a decisão que suspendeu o mandato do parlamentar.
“Essa é uma situação inédita. Mas não há a possibilidade constitucional do Poder Judiciário postular a suspensão do exercício de um mandato. Mesmo se condenado após o processo transitar em julgado, a perda do mandato do deputado tem que passar por votação em plenário. É uma prerrogativa do Poder Legislativo”, explicou o procurador Fernando Ferreira.
Na terça-feira (1º), o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Edson Brum (PMDB), já havia anunciado que a Casa iria recorrer da decisão. O entendimento dos líderes do Legislativo é de que houve intromissão do Judiciário na questão. O presidente da Assembleia ainda observou que “quem cassa parlamentar é o Parlamento”. De acordo com Brum, é questionável a decisão do desembargador Newton Brasil de Leão em suspender o parlamentar e manter sua remuneração.
Jardel (PSD) é alvo de investigação do Ministério Público. O ex-jogador de futebol e ídolo do Grêmio é suspeito de desviar verbas da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, exigir parte dos salários de funcionários fantasmas e até de envolvimento com traficantes. Em função disso, o parlamentar foi afastado do cargo por 180 dias.
PSD suspende deputado
Também na terça-feira (1º), o PSD decidiu suspender temporariamente o deputado estadual Mário Jardel. A decisão foi tomada por unanimidade pela executiva da legenda, que vai “buscar informações junto ao Ministério Público sobre as denúncias que serão, então, examinadas pela Comissão de Ética, instalada também durante a reunião”. Depois de analisado o material, a sigla vai definir o futuro do ex-jogador dentro do PSD.
O MP iniciou a investigação após denúncia de um dos assessores de Jardel. Para buscar provas, policiais foram até o gabinete do deputado e ao apartamento dele, em zona nobre de Porto Alegre, além de outros seis endereços, na manhã da última segunda-feira (30).
Escutas mostram que um dos assessores, o chefe de gabinete Roger Foresta, comenta por telefone com uma mulher, que o MP diz ser uma funcionária fantasma do deputado, que Jardel fica com R$ 4 mil reais de seu salário todo mês. A investigação apurou que parte do 13° salário dos funcionários também era exigido pelo ex-jogador. O Ministério Público calcula que o parlamentar juntava cerca de R$ 30 mil com parte dos vencimentos recebidos.
Fonte: G1
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