Médicos que atendem no Hospital de Caridade de Três Passos, estão há 14 meses sem receber por cirurgias e partos já realizados pelo SUS. Diante da situação, os profissionais, apoiados pelo Sindicato Médico do RS (SIMERS), vão suspender procedimentos eletivos (não urgentes) a partir da zero hora de segunda-feira. Em média, são feitas cerca de cem cirurgias mensais em diversas especialidades no Hospital de Caridade, que soma 104 leitos, sendo 69 pelo SUS. A decisão foi anunciada para a diretoria do hospital em reunião na noite de terça-feira. A direção do SIMERS esclarece que o hospital não respondeu até agora aos pedidos para uma solução, por isso a medida é necessária. O quadro médico também não é remunerado desde março pelos plantões presenciais no Pronto Socorro e na UTI e de sobreaviso (quando o médico fica à disposição do hospital para ser chamado a qualquer hora do dia em caso de urgência e emergência). Para o presidente do sindicato médico do RS, Paulo Argollo Mendes, a recente e alegada dificuldade financeira de hospitais filantrópicos não pode ser usada para justificar este descaso com os profissionais em Três Passos. Conforme informações repassadas pelo SIMERS à imprensa, pelo Portal da Transparência do Estado, o hospital de Três Passos recebeu R$ 7.943.496,54, em 2014, e este ano os recursos somam R$ 4.457.163,49 até junho. Nos últimos 18 meses, entraram nos cofres do Caridade cerca de R$ 12,5 milhões. “Queremos saber onde foram parar as verbas que deveriam estar dando condições ao atendimento médico”, cobra Argollo. “A situação em Três Passos é revoltante. Os médicos mantiveram os cuidados aos pacientes por todo este tempo, mas agora chega. Estão trabalhando de graça, enquanto as verbas são repassadas a hospital”, adverte Argollo. O dirigente destaca que a relação é do médico com o hospital. “A categoria médica não vai mais aceitar ser prejudicada por eventual problema entre as instituições e os governos, assim como é perfeitamente esperado que alguém que faz seu trabalho seja remunerado em dia, pois os médicos têm seus compromissos, pagam contas, têm família, sustentam consultórios onde outras pessoas esperam salários”, ressaltou o dirigente. As verbas são repassadas seguindo o modelo de contratualização (com valor global para cobrir as despesas). O hospital recebe a verba e deve pagar os prestadores. Antes disso, médicos recebiam pelo código 7 (diretamente da União). Há alguns especialistas mais antigos no Caridade que estão no código 7 e estão recebendo seus honorários.
Situação se agrava desde fevereiro
O sindicato informa que, em fevereiro, notificou extrajudicialmente o Caridade exigindo uma posição sobre os pagamentos. Em fim de maio, o SIMERS acionou novamente o estabelecimento e preveniu que, sem nenhum aceno sobre a quitação dos débitos, os serviços seriam suspensos em 30 dias. O prazo se esgota à meia-noite de domingo, alerta a entidade médica. O segundo documento também foi enviado para ciência do Ministério Público Estadual e dos gestores do município, advertindo sobre os danos da conduta dos dirigentes hospitalares.
Nota oficial do SIMERS: ESCLARECIMENTO À POPULAÇÃO
Diante do descaso da direção do Hospital de Caridade de Três Passos, o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul informa:
1. Os médicos do Corpo Clínico do Hospital de Caridade estão há 14 meses sem receber pelos procedimento do SUS, e, desde março, pelos plantões de sobreaviso, Pronto Socorro e UTI.
2. Em fevereiro, o SIMERS notificou extrajudicialmente o hospital para o pagamento dos atrasados, reajuste dos valores e legalização dos contratos, mas até hoje não obteve resposta.
3. Nova notificação foi feita em fim de maio, com aviso prévio de 30 dias.
Como o hospital se nega a negociar para regularizar a situação, os procedimentos eletivos pelo SUS serão suspensos a partir da zero hora do dia 29, próxima segunda-feira.
A Verdade faz bem à Saúde.
Dr. Paulo de Argollo Mendes
Presidente
Dra. Maria Rita de Assis Brasil
Vice-presidente
Fonte: Ráio Alto Uruguai
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