Por Danusa Widz – Jornalista
Provavelmente você já tenha ouvido e até dito a seguinte frase: “não faça aos outros o que não gostaria que fizessem com você”. Trata-se de empatia, um antídoto para a intolerância, uma virtude incrível de se colocar no lugar do outro, a capacidade de compreender o sentimento ou reação da outra pessoa, imaginando-se nas mesmas circunstâncias.
Compreender ou pelo menos tentar. Já vale. Por isso usamos a expressão “calçar o sapato alheio” para perceber onde o calo do outro aperta.
Mas será que conseguimos abrir mão dos nossos julgamentos para nos colocarmos no lugar de outra pessoa? Todos nós temos uma tendência para classificar, ou colocar em categorias, muitas das pessoas ao nosso redor. Somos quase que predispostos a julgar, às vezes até sem más intenções, mas acabamos julgando, nem que seja em pensamento, e nos perdemos em nosso egoísmo, até mesmo em nossa arrogância. Mas, quando nós fomos julgados – porque todo mundo já deve ter passado por isso pelo menos uma vez na vida – a opinião alheia provavelmente nos machucou, ofendeu ou incomodou.
Por isso vale uma pausa sempre que estamos diante de situações em que estamos prestes a fazer isso e realmente nos colocarmos na posição de quem está calçando ‘aquele’ sapato.
Será que já está com o solado fino? Será que aperta? Faz calo? É grande demais? Está arrebentado? Faltando um cadarço?
Claro que nem tudo justifica algumas ações praticadas por certas pessoas – e não somos nós que devemos apontar o dedo – mas é sempre válido observar o que as levou a fazer determinada coisa, ou seja, como está o sapato delas em seus pés. E aí, talvez consigamos excluir dos nossos comentários “Ah, mas se fosse eu, faria assim…” “Eu no teu lugar não faria desta forma…”. Quem disse? Experimente calçar o sapato alheio para depois exprimir qualquer pensamento. Certamente você terá outra opinião, ou talvez até, não emitirá opinião alguma, justamente por perceber que não há o que opinar, simplesmente concordar. Aí cabe uma ressalva: você não precisa concordar, apenas entender e respeitar. Simples assim. Simples? Procure praticar.
Cada um tem seu sapato, suas pedras no caminho. Se é novo, demora um pouco para se adaptar ao formato do pé, se é velho, já está folgado demais, e por aí vai. Importante é enxergarmos que existem pés dentro dos sapatos (cansados, com calos, pequenos, grandes, não importa), assim como existe um coração dentro de cada peito, e um mundo dentro de cada mente.
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